segunda-feira, fevereiro 21, 2005

cuidado!

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A cidade é moderna
dizia o cego a seu filho
Os olhos cheios de terra
O bonde fora dos trilhos

A aventura começa
no coração dos navios
Pensava o filho calado
pensava o filho ouvindo

Qua a cidade é moderna
pensava o filho sorrindo
Que era surdo e era mudo
Mas que falava e ouvia

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Disperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo pra vomitar
Tô te explicando prá te confundir
Tô te confundindo prá te esclarecer
Tô iluminando pra te esclarecer
Tô iluminando prá poder cegar
Tô ficando cego prá poder guiar
Devagarinho prá poder rasgar
Olho fechado prá ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar

Tom Zé

ditado

tudo dito
duto tido

duplo, predito
bruto sentido

contudo,
nada.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

A rota do indivíduo

Mera luz
Que invade a tarde cinzenta
E algumas folhas deitam
sobre a estrada

Frio é o agazalho que esquenta
O coração gelado quando venta
movendo a água abandonada

Restos de sonho sobre um novo dia
Amores nos vagões, vagões nos trilhos
Parece que quem parte é a ferrovia

Que mesmo não te vendo te vigia
Como mãe...
Como mãe que dorme olhando os filhos
Com os olhos na estrada


E no mistério solitário da penugem
Vê-se a vida correndo, parada
Como se não existisse chegada
Na tarde distante ferrugem
Ou nada

Djavan